2 de nov. de 2011

Fragmento de um desses diálogos que cala a nossa voz e enche nossos olhos


- ainda é tudo muito difícil, né?
- é. parece que não, mas é como se aquela primeira semana depois da morte de C. não acabasse nunca... primeiro eu não me acostumei com a ideia da perda; depois quando eu percebi que estava me acostumando eu desabei e me esforcei ao máximo para desacostumar com a casa vazia, com um lado do guarda-roupa sem nada, com o outro lado da cama sem ninguém... é como se eu devesse isso a ele, a nós, por tudo o que a gente viveu, sabe?
- uhum... 
- mudar de casa, de bairro até que ajudou quando eu percebi que tinha que continuar vivendo, mas até hoje é como se eu estivesse pela metade. 
- vocês sempre foram o meu casal de comercial de margarina (risos)
- nada, sempre fomos dois porras-loucas de tudo... sabe, pode parecer clichê, mas desde que tudo aconteceu, e depois de pôr a minha cabeça no lugar, tem uma coisa que eu sempre penso: que se alguém, qualquer pessoa ou qualquer coisa me oferecesse um único pedido, um único desejo, só um eu não pensaria duas vezes... eu só queria um minuto, um minuto pra ouvir o C. falando "fala coração" e ver o sorriso dele novamente por alguns segundos....

(depois disso muitas lágrimas dos dois lados da mesa)


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